arte sacra

Quando o amigo Paulo Guerini me contou sobre estar construindo uma igreja para a comunidade de São Miguel, da cidade de Porto Feliz/SP, não foi novidade para mim. Saber que tal obra, realizada pela Guerini Planejamentos, seria doada em sua totalidade para a Diocese, tem muito a ver com a visão que o Paulo tem dos seus negócios que, por si só, já é uma grande ajuda a toda população onde os empreendimentos da Guerini são implantados. Mas, o que me causou admiração ainda maior, foi o Paulo ter me convidado para participar deste importante projeto social, deixando sob minha responsabilidade as ilustrações que estampariam as paredes da igreja. Seu único pedido foi que eu criasse uma imagem moderna e que não transmitisse tanta agonia, como causa a maioria das obras sobre a Via-Sacra que conhecemos.

Aceitei de muito bom grado o desafio e me coloquei a refletir, mais uma vez, sobre as últimas horas do Cristo no Calvário. No ano de 2014 eu havia tido a minha primeira experiência com o tema. (veja aqui).

A igreja era bastante simples em sua arquitetura. Não havia nada de Renascentista, Barroco ou qualquer outra referência que pudesse utilizar para encaixar os esboços ao traçado de sua planta. Era, de fato, um grande galpão com quatro paredes retas e um teto, nada mais que isso.

Me lembro ainda de quando entrei pela primeira vez para medir as paredes que receberiam meus desenhos. Fiquei espantado com o tamanho e imponência da obra, mas também surpreso por tamanha simplicidade.

Assim, sem qualquer ideia em mente, me ajoelhei diante do patamar – que nem altar ainda era – e pedi a Deus que me iluminasse. Rezei ali, sozinho, no centro daquele espaço imensamente vazio, nem os bancos havia ainda.

Quando me levantei e abri meus olhos, a primeira coisa que enxerguei foram justamente as linhas retas que me serviram de inspiração para todo trabalho que realizei na ilustração desta obra sacra da Igreja São Miguel.